sábado, 4 de dezembro de 2010

Zico lamenta escassez de talentos na base do Fla: "Abaixo do que é preciso"

Ex-diretor executivo de futebol rubro-negro diz que nível não é compatível com a tradição do clube. A gestão de Patricia Amorim se propõe a reconduzir o Flamengo à condição de formador de craques. Há seis meses, o diretor administrativo, Carlos Brazil, e o diretor geral da base, Carlos Noval, designados pela mandatária, arregaçaram as mangas e tocam projetos inéditos para evitar o desperdício de promessas. Pouco mudou estruturalmente. A iniciativa esbarra em obstáculos financeiros e até políticos. Na ausência de recursos, a criatividade é a válvula de escape para tentar deixar um legado de profissionalismo, reorganização e bons frutos. No período em que foi diretor executivo de futebol do Fla, Zico aprovou a iniciativa da dupla e prontificou-se a ajudar no que fosse preciso. O Galinho, no entanto, faz um diagnóstico negativo das futuras gerações de jogadores rubro-negros. O Flamengo precisa de renovação. Infelizmente na categoria de base não tem tantos jogadores para se renovar. A única categoria que pode dar frutos é o juvenil. Os juniores deixaram muito a desejar. Só o Galhardo e o Diego Maurício (hoje entre os profissionais). No mais, os outros estão muito abaixo do que é preciso para ser jogador do Flamengo. Espero que o Vanderlei (Luxemburgo) possa aproveitar esses jogadores do juvenil – disse. A campanha sofrível no Campeonato Brasileiro escancarou as deficiências do Flamengo. Escapar do rebaixamento perdendo em casa para o Cruzeiro reforçou a necessidade de mudança, de reformulação. Luxemburgo iniciou o processo esta semana e as decisões serão anunciadas em breve. A principal missão é tornar o grupo mais jovem. Torci muito para que o Vanderlei desse jeito no time. Quando se tem uma equipe que não está autoconfiante, tudo dá errado, nem treinador consegue dar jeito. Mas poucos têm a competência do Vanderlei – elogiou. A tão aguardada volta de Zico ao Flamengo durou pouco: apenas quatro meses. No dia 30 de maio, após uma reunião com a presidente Patricia Amorim, o maior ídolo do clube assinou um contrato como diretor executivo até dezembro de 2012 – o que acabou sendo bem mais curto, com o antigo compromisso de parceria do Rubro-Negro com o CFZ sob suspeita do Conselho Fiscal. Foi a gota d’água para o desligamento, no início de outubro. No tempo em que esteve na Gávea, o Galinho teve de lidar com o caso Bruno, além das negociações contestadas. Acho que foi um ano atípico. O Flamengo precisa de muitas mudanças. A maioria das vezes consegue armar bons times, mas deixa a desejar na infraestrutura e foi por isso que eu voltei ao Flamengo. Muitas coisas não dependem da gente. Não consegui realizar aquilo que eu pretendia. Procurei deixar alguma semente no sentido do que precisava ser feito. Ao ganhar o campeonato (Brasileiro de 2009), o Flamengo não fez um planejamento para o ano seguinte. Perdemos jogadores que são difíceis substituir no meio da competição. Eu peguei o trem andando. Não deu certo, mas foi uma experiência gratificante – comentou. No início do mês passado, Zico apoiou o projeto “Rubro-negro para sempre”, popularmente chamado de “campanha do tijolinho”. A iniciativa é o primeiro passo para o crescimento e modernização do CT Ninho do Urubu, em Vargem Grande, ainda com estrutura precária para atender a base e os profissionais, e foi uma das prioridades do ex-dirigente. A ligação com o clube está mantida, mas o tom ainda carrega certa mágoa. Em nenhum momento eu tive o apoio da Patricia Amorim e falei isso para ela. Ela não fez nada para me ajudar. Minha cabeça está tranquila. Não vou de maneira nenhuma ficar com sorrisinhos e falsidade com pessoas em quem eu não confio mais. Na semana passada, Zico passou por uma artroscopia no ombro direito. A cirurgia foi um sucesso, mas o tempo de recuperação é de seis semanas. Como o Jogo das Estrelas, organizado por ele, será dia 26 de dezembro, no Engenhão, o camisa 10 da festa virou dúvida.(GLOBO.COM)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010