domingo, 20 de janeiro de 2013
Três anos em quinze dias: o choque de gestão da Gávea
Três anos representam exatamente 1095 dias. Ou 1096, considerando haver um ano bissexto entre eles. Pois a impressão que se tem é que a nova diretoria do Clube de Regatas do Flamengo vem realizando um resgate de credibilidade de tal magnitude que em quinze dias já teria feito mais do que toda a administração anterior.
Começando pela dispensa e devolução de medalhões de alto custo/benefício – especificamente Vágner Love, por quem se abriu mão de uma dívida de quase R$ 20 milhões, fora salários. Tal postura escancarou que o presidente Eduardo Bandeira de Mello e seus correligionários não ocupariam a Gávea demagogicamente, jogando para a torcida com a pirotecnia marcante dos recém-empossados de outrora. Tempos de privação demandam sacrifícios.
À contratação cirúrgica de jogadores promissores e que não comprometem o orçamento, seguiu-se a renegociação e pagamento de dívidas pregressas – que de tão graves não foram omitidas sequer do site oficial. O não recolhimento de três anos de Imposto de Renda credenciaria qualquer empresário privado a viver alguns bons meses em liberdade restrita. Infelizmente ainda se afaga a cabeça da má cartolagem brasileira.
Mas a situação vem mudando. E o que evidencia o “basta” do setor público perante os desmandos no futebol é a situação calamitosa vivida pelo clube (e seus coirmãos) mediante penhoras que incidem sobre 100% das receitas de qualquer natureza. Clubes como o irresponsável Flamengo Patricista imaginavam poder se endividar ad eternum. A ponto de atingirem a inacreditável marca de R$ 600 milhões em dívidas – situação que possivelmente venha ser confirmada pela auditoria instaurada na Gávea. As penhoras continuam sendo o calcanhar-de-aquiles da gestão Bandeira de Mello, que se movimenta anunciando o pagamento de impostos atrasados. Assim, liberam-se receitas e se permite arcar com a folha salarial.
Em outra frente, a antiga Chapa Azul cumpre a promessa de fazer do marketing o carro-chefe da gestão. Apalavrado com a rede de postos Ale, o Flamengo anuncia a Peugeot como a primeira das três cotistas a estabelecerem o rodízio em sua propriedade máster – ao custo de R$ 15 milhões cada. Os futuros R$ 47 milhões (somados aos R$ 2 milhões da Tim). Mas farão do rubro-negro, há pouco em frangalhos, aquele que em menor prazo poderá voltar a soberania atual.
O anúncio da Peugeot marca ainda o fim da era das parcerias em curto prazo. A falácia acerca da “possibilidade de se auferir melhor patrocínio à frente” fez com que marcas como Flamengo, Corinthians e São Paulo se vissem desnudas em boa dose de 2012. O prazo acordado com a montadora francesa é de três anos, suficiente para a consolidação da marca por meio de iniciativas diversas. Possivelmente se caminhe também para a redução do loteamento de propriedades – que ajudou a derrubar o valor individual de cada uma. Como já detalhado no Blog, recursos assim eram mais apropriados a agremiações menores do que às de magnitude.
Resumindo: em curtíssimo prazo o Flamengo abateu e se livrou de dívidas, fechou o melhor contrato de material esportivo (negociado pela gestão anterior, é verdade), voltou à condição de chamariz no mercado de grandes anunciantes e, gradativamente, refaz sua abalada credibilidade. Caso todos os projetos de fato saiam do papel (em especial o imprescindível sócio-torcedor) é possível que o rubro-negro alcance já em 2013 a marca de R$ 300 milhões em faturamento. Um alento e tanto para um clube cujo futuro era incerto às vésperas da eleição presidencial em dezembro.
Um grande abraço e saudações!(blog Teoria dos Jogos, por Vivícius Paiva)
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