quinta-feira, 11 de abril de 2019

CONSELHO DELIBERATIVO DO FLAMENGO, APROVA O CONTRATO COM O MARACANÃ!

Reunião aconteceu na noite desta quarta-feira, na Gávea, e conselheiros celebraram com famoso canto. Clube vai administrar estádio, com o Fluminense, temporariamente 

O Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou por unanimidade, em reunião na noite desta quarta-feira, a assinatura de contrato com o Governo do Estado do Rio de Janeiro para a administração do Maracanã. A parceria pode ser selada na próxima sexta-feira e deve iniciada a partir do dia 19 - o segundo jogo da final do Campeonato Carioca será a primeira partida sob nova direção.

Ao fim da reunião, os presentes entoaram o "Aha, uhu, o Maracana é nosso", famoso canto de arquibancada gritado pelas torcidas cariocas.

O conselho de finanças - grupo formado por conselheiros integrantes do Deliberativo - se absteve de opinião com a alegação de falta de informações, mas o Conselho Fiscal deu parecer favorável ao documento.

Flamengo e Fluminense se uniram para apresentar uma proposta conjunta para a administração do Maracanã. Os clubes estarão à frente do estádio pelos próximos 180 dias (podendo ter uma extensão por mais 180), antes de o Governo do Rio abrir nova licitação. A vitória do Rubro-Negro e do Tricolor na disputa pela gestão do Maracanã foi anunciado na última sexta-feira, em vídeo do governador Wilson Witzel.
Alexandre Araújo
 10/04/2019
 22:11
Rio de Janeiro (RJ)


segunda-feira, 8 de abril de 2019

FLAMENGO, FUTEBOL, E RELUGIÃO!

Já que política no esporte agora virou tabu, o leitor ou a leitora me permite falar um pouquinho de religião? Lá vai: Abelão, pelamordedeus… Ave Maria, juiz, VAR pro inferno! E Alá o Pará fazendo merda de novo! (Pronto, ufa.)
Mas, papo sério: eis aí um tema a que tenho certa devoção, este da religiosidade no mundo da bola – tema deveras reavivado pela esplêndida entrevista do Marcio Braga na Fla TV, onde o ex-presidente fala de São Judas Tadeu, de milagres e de tempos em que o clube vivia de esmolas.
Ah, quantos mistérios insondáveis rondam esse assunto, já parou para pensar? Por exemplo, por exemplo: pode um bom pai de santo influir num campeonato, ao menos com um bom banho de arruda no joelho ruim do craque? Pagar promessa para ser campeão, batata ou balela? Existe carma no futebol? E se existir, é com K ou com C? Por que em nome de deus todo jogador se chama Everton hoje em dia? Tantas perguntas, e tão pouco tempo de Globo Repórter.
Aprendemos todos há décadas, com os irmãos Mario Filho e Nelson Rodrigues, a reservar uma vaguinha para o sobrenatural no futebol, e até hoje há quem bote fé que a mística vence qualquer parada. No documentário “Barba, cabelo & bigode”, o colega cronista PC Caju –que, convenhamos, jamais foi muito católico quando jogador –, garante que o Fluminense só foi chutar os portões do inferno da Terceira Divisão por culpa de um carma pesadíssimo, depois de ganhar, roubadamente, um Estadual do Botafogo lá nos idos de 1971. Sim, naqueles anos do regime militar quando não havia desonestidade no Brasil, tempos em que todos comiam filé-mignon e que na real nem existiram, tudo invenção daquele comuna do Elio Gaspari (tá bom, tá bom, parei).
Eu, cá entre nós, nem me considero um torcedor dos mais mandingueiros, apesar de me aboletar num setor do Maraca que o povo tem baforado o ambiente que é uma beleza, suncê pode crer, mizifio. Já fui, inclusive, apelidado por um cupincha de um “torcedor flamengo de pouca fé” em 2001, nas vésperas de um certo Estadual. Mas tenho amigos prenhes de superstições que compensam.
Tem o que tatuou o padroeiro na pele, o que não entra no estádio sem dar uma cambalhota na rampa, o que não crê em nenhuma linha da Bíblia mas foge de medo de pé-frio. Um dos meus supersticiosos prediletos, porém, é um que crê fielmente que para o time ser campeão é preciso contar com um jogador com apelido – o que, olha aí, talvez justifique o Pará no time hoje. Outra superstição estranha é a de um ex-jogador respeitável, cuja mania é sempre deixar um uruguaio por perto, sentado no banco, diz que dá sorte.
Há, no entanto, quem encare todo esse assunto com seriedade. Pigarro respeitoso, parágrafo, dois pontos.
Clodoaldo Gonçalves Lemes, doutor em ciência da religião pela PUC-SP, escreveu uma tese curiosa chamada “É Gol! Deus é 10 — A religiosidade no futebol profissional paulista e a sociedade de risco”, a partir da qual o autor garante: “Ganhar ou perder depende de inúmeras variáveis. Porém, no futebol, os jogadores agradecem as vitórias enquanto, nas derrotas, acreditam que a crise foi enviada por Deus para que aprendam alguma lição”. O estudioso, obviamente, não se debruçou sobre o incrível caso do Flamengo na Libertadores e a lição que ninguém consegue aprender, como testemunhamos contra o Peñarol, na quarta-feira 3 de abril.
Mas a frase do estudioso parece incontestável: “Ganhar ou perder depende de inúmeras variáveis”. O mistério, portanto, é definir que variáveis importam mais que outras. Ainda: só valem variáveis terrenas ou as etéreas contam? Entre os 40 milhões de fiéis que formam o rebanho rubro-negro, conheço ao menos um que desconfia que toda crise por que passamos é um carma que se paga desde o desaparecimento da pobre Eliza Samúdio, que nem um enterro justo e uma missa teve direito. E quem há de duvidar?
Mas chega, chega desse papo sobre o céu e o inferno, que a maioria dos nossos leitores já mora no Rio de Janeiro. No fundo, quem talvez esteja certo é o empreendedor inglês e cigano Thomas Shelby, para quem “toda religião traz respostas tolas para perguntas tolas”. E de perguntas tolas o inferno e esta crônica já estão cheias.
A Bíblia diz que só a Liberta é verdade, ou só a verdade liberta, preciso reler essa parte, mas a verdade é que o Flamengo chega a abril naquela encruzilhada de sempre. De um lado, um Estadual 2019 árido, mas cujos rivais Ganso, Diego Souza e aquela baiana loura argentina tornaram mais que obrigatório vencer – e doar a taça para as famílias dos Meninos do Ninho (resolve logo esse carma, Landim, pelo amor de São Judas). Do outro, a mata densa e fechada da Libertadores da América, com rivais desleais, o espírito do Oba-Oba e árbitros selvagens atacando do alto, com zarabatanas, e a gente desviando enquanto faz as contas de pontinhos e saldo de gols, de novo, de novo!
Mas sem choro nem vela, irmão flamengo e irmã flamenga, não há o que lamentar: afinal, é esta nossa história desde tempos antediluvianos. Há apenas uma atitude a tomar. Uma romaria até aquele templo mal reformado nas margens do rio Maracanã, e um canto de louvor por 90 minutos sem pausas, com abraços entre budistas, cristãos, espíritas, judeus, evangélicos, ateus, islâmicos, testemunhas de Jeová e raulseixistas, até o apito final. Ajoelhou, tem que rezar: é meter uns 6 a 0 no San José, sem pedir perdão pelo sacrilégio, ou se penitenciar depois.
E você, tem alguma superstição? Comenta aí...(Por  | 7 de abril de 2019)