quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Desembargador pede impugnação e ameaça candidatura de presidente do FLAMENGO!

A proximidade da eleição presidencial esquenta os bastidores do Flamengo. Nesta terça-feira (20), o desembargador Siro Darlan entrou com pedido de impugnação da candidatura do presidente Eduardo Bandeira de Mello no Conselho de Administração. O benemérito se baseou nas denúncias de uso da máquina feitas pelo postulante Wallim Vasconcellos, da Chapa Verde, em entrevista ao Jornal O Globo. O documento foi protocolado no último dia do prazo e indeferido pelo presidente da Comissão Eleitoral Moyses Akerman. No entanto, o pedido de impugnação será votado através de recurso em plenário no dia 9 de novembro, conforme garantiu o secretário do Conselho de Administração Marco Assef. "A Comissão Eleitoral deu apenas um parecer. Através de recurso o tema será votado no plenário que decidirá a homologação das chapas", afirmou. Procurado pela reportagem do UOL Esporte, Siro Darlan explicou a solicitação. "O Bandeira não tem possibilidade de ser reeleito nas condições relatadas. As acusações do Wallim são muito graves. O uso da máquina e o uso do dinheiro para fazer favores a amigos, o número de camarotes no Maracanã. É uma forma de dilapidação do patrimônio do Flamengo. Realizam uma campanha em cima da moralização, mas fazem tudo o que combatiam e ainda são apoiados", afirmou. Na entrevista em questão, Wallim Vasconcellos esmiuçou os pontos que levaram o desembargador a pedir a impugnação da candidatura de Bandeira. "Práticas que as pessoas que estão na chapa do presidente deploravam, hoje estão praticando: aparelhamento do grupo, botando amigos do grupo político que apoia o presidente para trabalhar no clube. Sei que tem gente que não tem capacidade de estar lá dentro. Pediram mais três camarotes no Maracanã, 75 credenciais para amigos, sócios, e teve uma farta distribuição de material no clube. Fizeram uma farra. O uso da máquina é direto. Você vê o presidente de camisa azul no Maracanã, o Flamengo virou azul agora. A fachada da Gávea ficou azul à noite com um tapete azul na frente da sede. A gente achava que em 2013 tinha virado a página, mas aparentemente isso não é verdade. E aliança em troca de votos", disse. Bandeira de Mello, da Chapa Azul, tem boa vantagem nas pesquisas eleitorais, Wallim Vasconcellos, da Chapa Verde, e Cacau Cotta, da Chapa Branca, estão empatados tecnicamente. A eleição do Flamengo está marcada para o dia 7 de dezembro, na sede da Gávea. O presidente foi procurado, mas não respondeu até a publicação da reportagem.(Vinicius Castro* Do UOL, no Rio de Janeiro)

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Um time que não liga pra perder e o silêncio presidencial!

Os seguidos fracassos do Flamengo — cinco derrotas em meia dúzia de partidas e queda do quarto para o décimo lugar no Brasileiro — deixaram milhões de pessoas decepcionadas. Torcedores que deram apoio às medidas tomadas na gestão atual, que recolocaram o clube nos trilhos. Nas finanças e na administração. Mas o futebol em 2015 apresenta rendimento incompatível após reforços e salários em dia. Se por um lado surge como modelo pela forma responsável de administração, a gestão atual erra demais no futebol. O presidente Eduardo Bandeira de Mello não se recusa a responder às perguntas, não se esconde atrás de um celular desligado. Isso é positivo e merece elogios. Outros cartolas agem de maneira inversa. Mas o conteúdo dessas respostas é rico apenas quando estão em pauta assuntos que não o futebol. Sobre estádio ou eleição no clube, em dezembro, fala com desenvoltura — como é possível ler clicando aqui e aqui. No entanto, quando perguntado sobre o time, mergulhado em (mais uma) crise, se esquiva como um peso pena num ringue de boxe. Evita o assunto numa fase pífia da equipe colecionadora de técnicos e derrotas. Mas não é síndico de um condomínio. Ele preside o clube de maior torcida do Brasil. Assim, é preciso dizer algo. Por que se um país entra em crise, o presidente tem que aparecer e encarar o assunto. Com um clube popular e capaz de atrair o interesse de dezenas de milhões de torcedores não é diferente. Não há como tratar o futebol do Flamengo como se fosse da alçada apenas da turma que frequenta a Gávea, ultimamente numa ferrenha disputa de cores. O torcedor é o "patrão". Um clube de futebol só fatura milhões porque tem torcida. Não fosse a existência dela, dinheiro de patrocinadores e direitos de transmissão de televisão não pingariam todo mês. Como não haveria a mesma bilheteria e a receita do programa de sócios. O associado elege o presidente, mas proporciona arrecadação muito inferior à gerada pela existência do torcedor, o personagem mais importante nesse contexto. PERGUNTAS E RESPOSTAS DO PRESIDENTE: Após as derrotas para Figueirense e Internacional, pode-se dizer que os investimentos feitos no futebol não têm sido recompensados? Eduardo Bandeira de Mello: Prefiro não discutir essas questões após uma derrota. Vamos trabalhar e resolver nossos problemas internamente, sem badalação. O senhor tem dado longas entrevistas sobre Medida Provisória, o Profut, eleição, divisão da chapa azul de 2012, etc. Por que o assunto que mais interessa à torcida, responsável pelas maiores receitas do clube e pela sua dimensão, que é o time de futebol, não pode ser abordado publicamente pelo presidente do Flamengo quando perguntado? Eduardo Bandeira de Mello: Todos os outros assuntos que você citou dizem respeito a questões externas. As providências a serem tomadas após derrotas são internas e sua exposição pública certamente será contraproducente. Pelo menos é assim que eu vejo. Mas a torcida não merece nenhuma explicação? Jogadores e comissão técnica serão cobrados? Afinal são cinco derrotas nos seis últimos jogos. Se o senhor não se pronunciar a respeito depois que o Flamengo perder, dificilmente falará sobre isso... Eduardo Bandeira de Mello: Tudo será tratado internamente. Acho que é melhor assim. Esse "tratamento interno" vem de alguns jogos, creio. Afinal, a atual comissão técnica e os jogadores tiveram tempo para treinar, com semanas livres, inteiras. Algo que o treinador anterior não pôde fazer. E o time perdeu cinco em seis. O senhor pode dizer se pelo menos alguma coisa vai mudar nesta semana em termos de cobrança? Eduardo Bandeira de Mello: Nunca falei sobre esse tipo de assunto. Entendo que o seu papel seja o de insistir, mas eu tenho que agir de acordo com os interesses do Flamengo. Outro ponto que é tema de questionamentos dos torcedores: o senhor não acha que pelo esforço feito e depois das seis vitórias seguidas é absurdo o Flamengo ser superado na classificação por times de orçamentos muito menores como Ponte Preta e Sport, que além disso perderam seus técnicos respectivamente para São Paulo e Fluminense? Eduardo Bandeira de Mello: Essa é uma análise sua que eu respeito. Vou levar em consideração. Não foi só análise, mas principalmente uma pergunta... Eduardo Bandeira de Mello: Foi uma conclusão sua. Não me cabe discuti-la publicamente. Em seus quase três anos de mandato o fato de o Flamengo pagar as dívidas e com isso sacrificar o futebol sempre foi respeitado e elogiado por torcida e imprensa em grande parte. Muitos o enalteceram, como aos demais de sua gestão. A mim parece natural estabelecer o paralelo financeiro entre o elenco atual do Flamengo, mais caro e tecnicamente mais qualificado, e rivais que convivem com cifras mais modestas e deixam os rubro-negros para trás, mesmo perdendo técnicos. Em uma de suas recentes entrevistas o senhor falou das selfies que os torcedores pedem para fazer ao seu lado e até disse que poderia fazer algumas com seus atuais adversários políticos. A esse torcedor que tanto o admira não estaria faltando uma resposta do presidente do Flamengo num momento de seguidas derrotas? Eduardo Bandeira de Mello: Sou torcedor acima de tudo. Tenho certeza de que a maioria prefere que o trabalho seja realizado sem exposição desnecessária de detalhes que só servirão para prejudicar o clube. Ninguém imagina que estejamos parados. Pela quantidade de derrotas — 15, com 14 vitórias em 31 jogos da Série A; só Avaí, Goiás e Vasco perderam mais, 16 cada — é de se duvidar que estejam se movimentando bem. E se não cabe ao presidente do Flamengo discutir questões ligadas ao time de futebol publicamente para que o torcedor saiba o que será feito, a quem caberá? O Flamengo virou um time desorganizado e apático, aparentemente incapaz de ouvir os gritos que partem da torcida, como "nós queremos repeito e comprometimento" e o famoso "isso aqui é Flamengo, pô!". Jogadores gélidos como Canteros, vaiado antes do jogo no telão, não parecem ligar para isso. Ao contrário, o argentino, de tão indolente, faz por merecê-la. Perder com frequência a alguns não parece incomodar. Eurico Miranda, que passa longe do modelo de dirigente que desejamos, não deixou de falar sobre o time na pior crise do Vasco em 2015. Peter Siemsen, de perfil próximo ao rubro-negro e aliado de Bandeira na batalha contra a Federação, assumiu a responsabilidade de troca do técnico na demissão de Enderson Moreira. Mudança que abriu espaço para a chegada de Eduardo Baptista, semifinalista da Copa do Brasil. Tem faltado a Bandeira de Mello uma postura mais arrojada, possível e necessária sem perder a linha e preservando seu estilo educado e tranquilo. O presidente do Flamengo diz que futebol deve ser "tratado internamente". Mas é visível a todos que o técnico Oswaldo de Oliveira não tem conseguido aproveitar os períodos livres para treinar e melhorar um time que andou para trás, regrediu e muito. Cabe a alguém olhar nos olhos de todos e questionar. E há pessoa mais indicada do que o presidente, com sua história de velho torcedor e carisma que tem junto a grande parte dos rubro-negros? Tática e tecnicamente o Flamengo piorou. Contra o Inter despencou o número de passes certos e subiu o de bolas longas, esticadas e chutões, identificados em 50 lançamentos, além de 40 rebatidas. Caiu o índice de desarmes, se elevou o de faltas e segue o time como o que mais apela para cruzamentos. Bandeira de Mello foi ponta-de-lança na luta pela aprovação da MP do futebol, importantísima para o Flamengo e outros clubes. E se clicar aqui você verá o quão exemplar é a prestação de contas de sua gestão. Ele encarou a cartolagem da Federação do Rio de Janeiro, batalhou pela Primeira Liga e merecidamente ganhou respeito. Mas não convence quando diz que futebol é assunto interno. O patrão, o torcedor, espera por satisfações, soluções e ações após tantos fiascos. Publicado em 19/10/2015, 08:33 /Atualizado em 19/10/2015, 14:06 Mauro Cezar Pereira, blogueiro do ESPN.com.br