segunda-feira, 16 de março de 2015
FLAMENGO: O fenômeno sociológico do esporte!
José Carlos Vieira Especial para Opiniãopública
Em princípio, sou jornalista e não flamenguista. Corintianos, colorados, tricolores e outros torcedores podem questionar o artigo que busca analisar um fenômeno do esporte bretão. Em qualquer parte do Brasil (e até do mundo) onde o time da Gávea jogue ele tem mais torcedores de que o time da casa. É um acontecimento notável de uma área esportiva que mexe com a cultura brasileira. Vivemos a era do marketing, ambiente que ficam explícitas duas das maiores marcas do planeta, a Coca-Cola e o Google. A torcida do Flamengo é maior que a população da França, mostrando a força de um setor do futebol que mexe com camisas, comerciais, jogos, exposições, direitos de arenas e a proverbial venda de ingressos para os jogos do time do Rio de Janeiro. Em reuniões animadas, se apregoa que quem não tem religião é católica e quem não tem time é Flamengo, expressando a popularidade do clube eternizado na era Zico. É o marketing coletivo de um País que tem show de rua, BBB, jabá, escândalos políticos e homens honestos sendo presos. Não se pode culpar a pobreza de nossa cultura ou mesmo questionar a paixão do torcedor que compra ingresso, pegar ônibus lotado, viaja com o time pelo país inteiro e se sente identificado com o rubronegro carioca ou universal. Brasil, atraso e avanço, Glauber Rocha e Hugo Caiapônia, universidades e analfabetos, conquistas e recuos, paixão e razão no duelo de um país continental. Aonde chega a anteninha da Rede Globo existe a busca da informação, mesmo sendo ela uma emissora mundial, que deveria valorizar todas as culturas e times, jogadores e artistas da bola. Pelos números, o Mengão é seis vezes campeão, com a discutível disputa com o Sport no episódio dos módulos verde e amarelo, que não ficou bem resolvido até o momento. O povo gosta de futebol, festa e Flamengo, dando a este o título de O mais Querido do Brasil. Alienação, vontades, chutes, encantos, histórias, jogos históricos e um time para ilustrar a realidade do povo brasileiro. Torcer é a sua missão, modo de vida, como se toda paixão tivesse as cores vermelha e preta. É um fenômeno sociológico, formatando um novo jeito de torcer, buscar uma identidade, como se o livro Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, nos trouxesse algumas indicações sobre a alma do povo brasileiro. O curioso de toda essa admiração pelo time carioca é que ele surgiu de uma dissidência do Fluminense, (ou seria o contrário?) objeto de pesquisa e glorificação tricolor. O flamenguista por ser maioria em todas as realidades e encontros curte o seu clube com grande paixão, observação, como se cada jogo fosse o cenário da disputa por um prato de comida institucional. O flamenguista padrão sabe a escalação completa de seu time e memoriza todas as conquistas efetuadas com louvor, deixando no seu inconsciente nomes como Cantareli, Raul, Leandro, Rondineli, Júnior, Dida, Nunes, Adílio, Andrade, Almir, Radar, Doval, Júlio César (Urigueler) Tita, Zico, Leonardo Moura, Márcio Braga, Ronaldinho Gaúcho, Bebeto, Beto, Nélio, Júnior Brasília, Luisinho, no baú da história remota ou recente. Toda paixão é honrada, admirada, mesmo injusta. O Brasil é uma junção de Lampião, Macunaíma, Túlio Maravilha, analógico e digital, medo e iniciativa, Amazônia e devastação, igualdade e contraste, omissão e determinação, Arranca Toco Futebol Clube e Flamengo, canal de estudos sociológicos e antropológicos, desenhando a alma do cidadão. Como explicar a vocação flamenguista no País do Futebol que nem João Ubaldo Ribeiro soube retratar no livro Viva o Povo Brasileiro e suas nuances? Torcer, torcer, torcer, chorar e sorrir, mesmo que o Maracanã esteja cheio e a barriga vazia. O flamenguista se orgulha e assim escreve as mais lindas e inusitadas crônicas do futebol, desenvolvendo os degraus de sua essência. Recordes de públicos, versão e subversão, Campeonato Brasileiro, Carioca, Libertadores e o mundo é o limite. Seria o Brasil um erro de português ou uma bola rondando a grande área de nossas vidas? No País do Futebol, o Flamengo ilustra as mais variadas teses sobre a paixão e nossa origem indígena, miscigenada, temperada com amor, suor e chuteiras. Torcer, torcer, torcer, até morrer, a Nação rubronegra mais que um clube simboliza a eugenia ou apatia de uma raça. Entre a ditadura e a democracia, uma bola empresta sentido para ricos e pobres, um gol do Mengão ajuda o sociólogo a desvendar mais um mistério social: diga ao povo que Zico. Eternamente Flamengo, tão simples e ao mesmo tempo tão complexo. A Gávea é o nosso Cabral redescoberto. (José Carlos Vieira, escritor e jornalista do Jornal Folha da Cidade, Rio Verde. E-mail: lelabalela1@hotmail.com)
domingo, 15 de março de 2015
Cirino corresponde e ganha status de absoluto em meio ao rodízio no FLAMENGO!
Camisa 7 se isola na artilharia do Carioca após os gols contra o Tigres. Com boas atuações, ele é o único atacante do time que iniciou todas as partidas em 2015. A leve desconfiança que causou na torcida na pré-temporada por conta do pé descalibrado na hora de finalizar foi chutada para bem longe. Mas o longe, neste caso, é positivo. A pontaria melhorou, e as boas atuações vieram junto. Na tarde desse sábado, na vitória sobre o Tigres por 3 a 1, Marcelo Cirino balançou a rede duas vezes e se isolou na artilharia do Campeonato Carioca, com oito gols, dois à frente de Fred, do Fluminense, que está suspenso e não joga na rodada. O Flamengo, por sua vez, também assumiu a ponta da tabela de forma provisória. Ainda assim, é uma premiação dupla para a evolução que o camisa 7 apresentou desde o início do ano. Vanderlei Luxemburgo tem dado importância ao rodízio na equipe titular para tentar dar ritmo de jogo a todo o elenco e evitar desgaste físico já na primeira parte da temporada. No trio de ataque que lançou também tem sido assim, com exceção de Cirino. O reforço contratado junto ao Atlético-PR começou jogando todas as partidas do Flamengo em 2015. Com boas performances, gols, e sem qualquer problema físico, ele se tornou absoluto no setor ofensivo rubro-negro. Contando só os jogos oficiais e deixando os amistosos de lado, o Fla tem 11 no ano, todos com Cirino titular. Atrás dele vêm dois com seis partidas: Everton, que também tem status de titular absoluto, mas que machucou a coxa esquerda e tem ficado fora; e Gabriel, que já passou por um trabalho de reforço muscular. Nixon, que operou o joelho esquerdo e volta em no mínimo 40 dias, iniciou quatro jogos. Alecsandro, três, assim como Eduardo da Silva. E Paulinho, que está voltando agora após seis meses fora devido a uma lesão no joelho direito, não foi titular por ainda não ter condição de aguentar 90 minutos em campo. Total de jogos como titular: Marcelo Cirino - 11 (100%), Everton - 6 (54%), Gabriel - 6 (54%), Nixon - 4 (36%), Alecsandro - 3 (27%), Eduardo da Silva - 3 (27%), Paulinho - 0. Outra vantagem de Cirino que conta muitos pontos com Luxemburgo é a versatilidade. Ele tem atuado bem tanto como homem mais avançado do ataque, de forma mais centralizada, quanto caindo pelas pontas, o que só acontece quando divide o setor com Alecsandro, que é um centroavante de ofício. Contra o Tigres, o camisa 7 jogou o primeiro tempo mais na ponta direita, alternando o lado com Gabriel. Durante a segunda etapa, mudou para o centro quando Alecsandro foi substituído por Paulinho. E depois disso marcou seus dois gols no duelo. - Acho que ele produz mais por dentro porque após quaisquer 10 metrinhos está na cara do gol. No terceiro gol o Gabriel dá a bola para ele, que sai depois do marcador e consegue chegar antes, tira do goleiro e bate para o gol. É uma coisa que foi analisada quando pensamos em contratá-lo. Eu disse que ele era de lado, mas que tinha uma característica diferente. Acho que ali (no centro) ele vai evoluir mais do que no Atlético-PR. Ele agora está fazendo gol. A função do treinador é essa - disse Luxa, defendendo mais uma vez sua escolha por Cirino no centro do ataque, que tem se justificado nos gols do artilheiro do Carioca. Além da confiança do professor, Marcelo Cirino ganhou também o carinho da torcida. Passou a ser comum nos jogos, principalmente no Maracanã, o nome do atacante ser o mais aplaudido dentre todos os 11 titulares do time anunciados nas caixas de som do estádio. E, se continuar nessa evolução, a tendência é que a idolatria só aumente.(GLOBOESPORTE.COM)
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