quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Qualquer dia "tamo" aí: rubro-negros profetizam volta à Libertadores
Torcida do Fla ultrapassa marca de 32 mil pagantes no Maracanã pela nona vez em dez jogos pós Copa e não contém empolgação com vaga semifinal da Copa do Brasil. Vanderlei Luxemburgo não deixou a zona da confusão de lado, mas não dá mais para convencer o torcedor do Flamengo de que a manutenção na Série A é a grande meta para temporada. O mantra repetido pelo treinador desde sua chegada ao clube não cola mais. E mais de 40 mil rubro-negros fizeram questão de dar esse recado em alto e bom som na vitória por 1 a 0 sobre o América-RN, quarta-feira, no Maracanã. Na partida em que ultrapassaram a marca de 32 mil pagantes pela nona vez em dez compromissos depois da Copa do Mundo, os torcedores deixaram claro que evitar o rebaixamento no Brasileirão não é mais o suficiente e avisaram: "Libertadores, qualquer dia tamo aí!". Com a lembrança de 2013 ainda fresca na memória, os flamenguistas já não conseguem segurar a empolgação a quatro passos do possível bi consecutivo da Copa do Brasil (quarto título na história). Diante do América-RN, o clima de festa tomou conta do Maracanã antes mesmo do início da partida. Os 42.406 presentes (32.760 pagantes) cantaram um vasto repertório de canções durante os 90 minutos. Se foram premiados com apenas um gol, não se privaram de celebrar nas mais variadas situações. Defesas de Paulo Victor, desarmes de Cáceres, dribles de Everton e até mesmo a expulsão de Marcelo fizeram os rubro-negros extravasarem a alegria.
Não era nem necessária a informação de 27 mil ingressos vendidos antecipadamente para ter a certeza de que a partida teria grande público. Desde o início da noite, a movimentação nos arredores do Maracanã já era grande, assim como o clima de otimismo dos rubro-negros. Logo que os portões foram abertos, às 20h, quem decidiu entrar no estádio pôde acompanhar nos telões a partida do time de basquete contra o Orlando Magic e teve início a cantoria, que foi quase ininterrupta no setor onde ficam as torcidas organizadas. No anúncio das escalações no telão, um dos poucos momentos onde a torcida demonstrou insatisfação. Enquanto Eduardo da Silva, Léo Moura e até o novato Marcelo foram festejados, João Paulo recebeu vaias, que se repetiram em alguns momentos com bola rolando. Os protestos, no entanto, foram quase imperceptíveis diante do apoio das arquibancadas desde o apito inicial. Quando a bola estava nos pés do América-RN, ouviam-se vaias. Quando o Fla recuperava, incentivo. A empolgação, por sua vez, foi diminuindo a medida que a equipe não dava a resposta em campo. Em vantagem e com um adversário desmantelado por desfalques, o Flamengo jogava sem pressa, trocava passes no campo ofensivo e deixava a partida monótona. Dizer que o Maracanã ficou em silêncio seria exagero, mas poucos foram os que se mantiveram animados durante todos os 45 minutos iniciais. Na saída para o intervalo, gritos de "Queremos raça". No segundo tempo, o Flamengo ganhou fôlego com a entrada de Gabriel, e a torcida foi no mesmo ritmo. Em muitos decibéis, puxou o time para o ataque e emendou sem parar a versão do hit da Argentina na Copa, "Decime que se siente". Na letra rubro-negra, os torcedores prometem apoiar a equipe até o final mesmo nos piores momentos. Mas a quarta-feira era de bons momentos, principalmente após o gol de Gabriel, aos 18 minutos. A partir daí, quase tudo que acontecia em campo era retribuído com aplausos. Até Marcelo, que foi expulso por receber o segundo cartão amarelo, deixou o gramado ovacionado. Por mais que o América-RN assustasse em bons contragolpes, a torcida do Flamengo não parava de cantar. O repertório tinha profecia de título, samba-enredo da Estácio de Sá em homenagem ao centenário do clube e reverência a si próprio: "Que torcida é essa!?". Com a vaga praticamente garantida, o time de Vanderlei Luxemburgo atacava pouco, e os momentos de vibração passaram a ser defensivos. Paulo Victor, com três grandes defesas no fim, foi quem mais levantou a galera: - Tenho que parabenizar. A torcida sabe a importância que têm. Quando estão do nosso lado, fazem a diferença. E já convoco para seguirem com a gente até o final. Vamos precisar da força deles - disse o goleiro. Com camisas girando no ar, os rubro-negros acompanharam os minutos finais da partida cantando que era "festa na favela", até o que o filme de 2013 passou pela cabeça. Assim como na temporada passada, o Flamengo que sofre no Brasileirão dá a volta por cima na Copa do Brasil, e o que era um sonho distante após a derrota por 3 a 0 para o Coritiba, no jogo de idas das oitavas de final, voltou a ser obsessão. Uníssono, o Maracanã gritou: "Ihhhh, Libertadores, qualquer dia tamo aí". Para disputar novamente a competição continental, o Flamengo terá pela frente o Atlético-MG, na semifinal. Na próxima sexta-feira, será decidida a ordem dos confrontos em sorteio na CBF. A julgar pela empolgação e até pelo histórico recente, uma coisa já está definida: o jogo do Maracanã terá casa cheia.
(globoesporte.com)
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